Isso mesmo, quem conhece essa frase deve ter se perguntado “será que essa frase não está incorreta?”, a expressão mais comum é “o que há por trás das câmeras?”. Pois bem, escolhi um título poético, criado a partir de uma paráfrase, para trazer um artigo com uma carga de poesia, buscando expressar meus sentimentos com o assunto em questão. 

Há exatos seiscentos e trinta e cinco dias, a contar do dia que entrei na empresa até o dia de publicação desse artigo no site, conheci uma versão diferente do porquê a produção de soja é algo tão evidente e tão importante em nosso país. 

Até janeiro de 2022 eu acreditava que a soja produzia apenas leite, carne e o mais conhecido óleo de soja, entre outros; nunca me perguntei e nem tive curiosidade de saber o que se passava por trás das câmaras, de como funcionava de fato essa indústria de semente (agora sei que tem uma diferença entre soja semente e soja comercial), qual era o processo, até porque essa temática nunca havia feito parte dos meus assuntos cotidianos.  

Desde o primeiro dia, na qual foi feita a integração, eu comecei a sentir um certo entusiasmo em aprender cada vez mais como funcionava todo o processo, pois de início aprendi e fui desafiada a fazer um PMS, achei incrível chegar ao peso de 5 milhões de semente, utilizando apenas mil sementes, uma peneira e uma operação matemática. Nos dias em que se seguiram, na primeira semana fui aprendendo o processo de criação dos lotes e confecções de etiquetas, e cada vez mais estava feliz em estar ali, as horas passavam sem que eu as visse passando. 

Ao longo do ano de 2022, fui aprendendo e perguntando aos mais experientes sobre cada processo, desde a chegada da soja, a pesagem na balança, a classificação quanto a umidade, depois o processo feito pela UBS de separação por peneira, a passagem pela mesa densimétrica, até a chegada nas caixas para ser tirado o PMS e fazer a pesagem para colocar no bag, que formavam o lote e depois eram armazenados em câmaras frias, que são essencial para que as sementes sejam preservadas e haja a produção de sementes de qualidade, observação, nunca me passou pela cabeça que esse processo fosse necessário, se tratando de sementes. 

Parte desse processo não consegui me aprofundar e saber exatamente como funciona, me faltava tempo para perguntar aos experientes, porém cada conhecimento que eu adquiria sobre o assunto, eu gostava mais de estar ali, vale ressaltar que sou grata as pessoas que tiveram a paciência de me ensinar, ou falar sobre o setor que trabalhava. 

Logo após esse período de safra, com a confecção dos lotes, veio o período de expedição, era hora de começar a entregar o que nós produzimos, foram dias de correria, mais uma coisa nova para aprender, dor de cabeça com bags que se perdiam nas doze câmaras frias da unidade onde eu trabalhava, descobrir a lógica que os conferentes utilizavam para organizar da melhor maneira a carga que eles eram responsáveis, isso sem contar com a compreensão de o quanto é importante se trabalhar em equipe. Enfim, foi mais uma vez incrível aprender tudo aquilo, e nessa altura do campeonato, já nem lembrava que eu sou professora e pretendia voltar a dar aula, pois cada vez mais me apaixonava pelo processo, acredito que estar em constante aprendizado me deixa mais animada em está nessa empresa, que oferece aos seus colaboradores oportunidade de conhecimento e crescimento pessoal, basta querer, lógico. 

Veio o ano de 2023, e mais uma vez estávamos na safra, a safra foi ainda maior, pois tinha aumentado consideravelmente a produção, fui aprendendo mais e mais coisas; novos colaboradores vieram e cada um com uma carga a mais para acrescentar no aprendizado, eis que surge a oportunidade de vir trabalhar na Unidade de Formosa, com algo que eu nem imaginava que seria, tive medo, mas não poderia deixar perder a oportunidade de aprender algo mais.

E então novos desafios me foram propostos, foi então que descobri que o processo que se leva até chegar ao dito óleo de soja, fabricação de ração, entre outros (que é o que eu conhecia sobre soja), é ainda maior, tem diferentes departamentos que são ligados ao agro, seja ele financeiro, seja ele de engenharia, seja ele de produção, entre inúmeros outros setores, é extraordinário saber que existem inúmeros processos por traz das câmaras. 

Com isso, finalizo este artigo, afirmando que ainda tenho muito a aprender, e espero também acrescentar. Ressalto aqui que este texto foi apenas de carácter expressivo, com a função de expor um pouco sobre a minha visão antes e depois de trabalhar na Boa Safra, e da importância dessa experiencia para meu crescimento pessoal e profissional, como disse Platão “Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo.” 

Artigo escrito por Karine Elisete Araujo dos Santos